Principal evento automobilístico da América Latina sofre com mudanças no perfil do público e do marketing das montadoras
Por Thiago Ventura
Carro Esporte Clube
Após inúmeras desistências de montadoras e com o crescente risco do novo coronavírus, a edição de 2020 do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo foi adiada para o próximo ano. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelas organizadoras, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea) e a REED Alcântara Machado. Novos locais e datas ainda não foram anunciados.
Realizado desde 1960, o Salão de São Paulo é o mais tradicional e mais importante evento automobilístico da América Latina. Normalmente realizado em novembro, coincide com o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, tornando-se um evento muito interessante para os amantes do automobilismo e entusiastas de carros. As últimas edições, 2016 e 2018, contaram com a cobertura do Carro Esporte Clube.
A real é que o evento estava perdendo fôlego ante os altos custos para as montadoras de automóveis. Com o advento das mídias sociais e a maior capacidade comunicar diretamente com os potenciais clientes, as marcas estavam preferindo investir o valor em ações marketing menores e mais segmentadas. Isso é uma tendência global, não apenas do evento brasileiro.
Previsto para ser realizado no SãoPaulo Expo entre 12 e 22 de novembro, caso fosse realizado, seria um Salão esvaziado. Das maiores montadoras, apenas a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Volkswagen e Renault estavam entre as esperadas. Das premium, Audi e Mercedes. Outras 15 marcas já haviam abandonado o barco.
Já não participariam da edição 2020 a Kia, BMW, MINI, Toyota, Lexus, Chevrolet, Hyundai, Mitsubishi e Suzuki. Peugeot, Citroën, Jaguar, JAC, Land Rover e Volvo, que já não haviam participado em 2018, também estavam fora em 2020. Com o adiamento para o próximo ano, a expectativa das organizadores é conseguir retomar boa parte dessa turma.
Salões em decadência
Mundo afora, vários salões estão sendo esvaziados ou mesmo cancelados, como o caso do Salão de Buenos Aires. Já o Salão de Detroit, se viu obrigado a mudar de época: normalmente realizado em janeiro, perdeu espaço para o Consumer Electronics Show (CES) e neste ano será em junho.
O grande entreve tem sido o custo. Segundo a Anfavea, as montadoras investem até R$ 300 milhões no evento em São Paulo. O custo para cada marca varia entre R$ 4 milhões e 20 milhões. Em contrapartida, o evento retorna em torno de R$ 320 milhões em investimento na cidade, com um público estimado em 750 mil pessoas durante o Salão.
Confira o comunicado dos organizadores:
“O Salão do Automóvel é um evento que precisa evoluir e refletir o momento de disrupção tecnológica que nossa indústria está vivendo. Em conjunto com a REED, tomamos a decisão de adiar a edição do Salão de 2020 para reduzir custos e termos tempo de avaliar novos formatos. A revisão do Salão não é um movimento local, está acontecendo em todos os países do mundo e pelos mesmos motivos” – Luiz Carlos Moraes, presidente da ANFAVEA
“A REED possui o grande desafio de propor um novo Salão do Automóvel alinhado com as expectativas do público visitante e com a nova realidade das montadoras. Estamos focados na solução deste desafio e comprometidos com a entrega da melhor edição do Salão do Automóvel em 2021.” – Cláudio Della Nina, presidente da REED Alcântara Machado.
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