Teste | Renault Sandero RS Racing Spirit 2019: para quem gosta de acelerar

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Série especial incrementa ainda mais a versão esportiva do Renault Sandero RS. Motor 2.0 garante diversão nas pistas, mas proprietário precisa ser amigo do posto de gasolina!

Por Amintas Vidal
Carro Esporte Clube

Entre os hatches compactos fabricados no Brasil, o Sandero seria o menos provável a ganhar uma versão esportiva de verdade. Largo e alto por fora, espaçoso por dentro, suas medidas combinam muito mais com a variante aventureira do modelo, a Stepway. Como sua plataforma também serve de base para o sedan Logan, a picape Oroch e os SUVs Duster e Captur, a versão esportiva do Sandero, a RS, pôde receber o motor 2.0 16V Flex que equipa algumas opções da picape e dos dois SUVs.

Coube à RS, Renault Sport, divisão de competição da marca francesa, preparar esse “esportivo nacional” ao trabalhar o motor 2.0 para chegar aos 150cv de potência e acertar o modelo para as pistas. Foi a primeira vez que essa equipe desenvolveu um carro de pegada esportiva para um país fora da Europa.

No Brasil existe a tradição das montadoras lançarem versões esportivas dos seus modelos, principalmente dos hatches, mas, ultimamente, elas não passam de esportivos de adesivo, isto é, edições com algumas modificações estéticas, mas nenhum ganho mecânico que altere o comportamento em relação às demais versões. Antes existiam modelos que ganhavam motores de capacidade volumétrica maior, alterando o desempenho em relação às versões “normais”. Ao adotar o motor maior e modifica-lo para um melhor desempenho, retrabalhar o conjunto de suspensões, freios e escapamento, e ainda redesenhar peças e trocar revestimentos, a Renault não só resgatou os bons tempos dessa tradição como elevou a prática a um novo patamar.

Espírito de corrida

O Sandero RS tem um novo para-choque dianteiro, totalmente redesenhado. Ele ganhou DLR (luzes de posicionamento diurno), spoiler destacado, abertura inferior ampliada e com recortes mais angulados. Essa área recebeu tela de proteção em forma de colmeia e uma moldura saliente que contorna e atravessa o para-choque de ponta a ponta. Na série Racing Spirit ela é pintada em vermelho, tornando-se o elemento mais marcante desta edição especial.

Já o para-choque traseiro teve apenas o extrator redesenhado para receber a ponteira dupla do escapamento e ele também foi pintado nessa cor característica da série. Capas dos retrovisores, adesivos alusivos à série e as pinças das pastilhas de freio completam o conjunto de peças destacado com a mesma cor vermelha. Ela está tão associada à Racing Spirit que a Renault só disponibiliza as cores branca, prata e preto para a carroceria, pois a cor vermelha disponível para o RS “normal” inviabilizaria a aplicação destes detalhes em vermelho sobre a mesma.

Internamente o Sandero RS Racing Spirit se difere pelas cores das faixas que decoram os bancos, pequenos detalhes em vermelho no painel e colunas, teto e puxadores das portas em preto. No mais, manopla do câmbio e volante revestidos em material que imita couro com costura em linha vermelha e pedais com acabamento em alumínio e travas em borracha são comuns a todas as versões RS do Sandero.

Contudo, o carro peca em duas falhas graves no ambiente interno. O  Sandero RS Racing Spirit não tem banco traseiro bipartido, nem encosto de cabeça para o passageiro do meio. Mesmo considerando que é uma versão esportiva, são pecados imperdoáveis. Além disso, o acabamento do painel de portas é muito espartano.

Além destes elementos estéticos que destacam a série, a Racing Spirit já sai de fábrica com o conjunto de rodas de 17’’ Grand Prix com os pneus PS4 Michelin. Este item pode ser comprado como opcional para a versão RS pelo valor de R$ 1.000, mas os outros diferenciais mencionados acima são exclusivos da série especial.

O preço sugerido da Racing Spirit é R$ 69.690 e do RS é R$ 66.790. Tirando as rodas, único opcional disponível, ambos saem de fábrica com os mesmos equipamentos. Os principais são: alarme, duplo air bag, freios ABS, freio a disco nas 4 rodas, ESP / HSA (controle eletrônico de estabilidade / assistente de arrancada em subida), isofix e alerta do cinto de segurança do motorista. Bancos dianteiros esportivos, ar-condicionando automático, direção eletro-hidráulica, comando de satélite no volante, sistema multimídia Media NAV com tela touchscreen 7’’ e navegação GPS, computador de bordo, sensor e câmera de marcha à ré, retrovisores elétricos com repetidores, entre outros.

O motor 2.0 16V flex preparado pela RS sofreu pequenas alterações: novos dutos de admissão e sistema de escape mais largos que resultaram em um ganhos de 2 cv em relação ao modelo original usado nos outros modelos da marca. Sua potencia subiu para 145/150cv às 5.750 rpm e o torque manteve-se em 20,2/20,9 kgfm às 4.000 rpm, sempre com gasolina e etanol respectivamente. Entretanto, o Sandero pesa 1.161kg, o mais leve dos modelos sobre essa plataforma e a relação peso potência dessa versão ficou em bons 7,74Kg/cv. Com 100% de etanol no tanque ele atinge os 100 km/h em 8 segundos e chega aos 202 km/h de velocidade máxima engrenado na sexta marcha.

Sim, ao contrário de diversos carros que atingem a velocidade máxima na penúltima marcha, pois a última é propositalmente longa para uso em estradas com baixa rotação do motor, as relações das marchas e do diferencial do Sandero RS visam apenas o desempenho, sem nenhuma preocupação com o consumo. Elas são curtas e muito próximas umas das outras. Aos 110km/h e em sexta marcha, o motor já está trabalhando às 3.250 rpm e o seu ruído invade a cabine. Nesta mesma marcha o freio motor já começa a prender o carro aos 70km/h, outro momento em que se percebe o quanto as relações de marchas são curtas. Além do desconforto acústico em estradas o consumo também não é animador, ficou entre 10 e 11 km/l com etanol, mesmo andando de forma econômica. Em cidades ele fica relativamente melhor, algo entre 5 e 6 km/l.

O trabalho de acerto da Renault Sport não visou o consumo e sim o desempenho, contudo, foi na pista do Mega Space que o Sandero RS mostrou a que veio. Seus 26 mm a menos na altura da carroceria, o que resultou em um centro de gravidade mais baixo e uma cambagem mais esportiva das rodas, molas mais rígidas, barras estabilizadoras mais grossas e buchas em poliuretano, material que deforma menos, o modelo devorou as curvas do travado miolo do circuito. Tamanho o acerto, foi difícil levar o carro ao limite da aderência, aquele momento em que o controle de estabilidade começa a intervir. As acelerações também foram surpreendentes. As marchas curtas e próximas fazem a rotação do motor atingir o limite rapidamente e o carro acelera de forma bruta, uma diversão para quem gosta de velocidade. Os freios a discos ventilados de 280 mm de diâmetro na dianteira e a discos sólidos de 240 mm de diâmetro na traseira desaceleram o carro de forma segura. Acertos no sistema de assistência a vácuo reduziram o curso do pedal de freio e também contribuíram para a eficiência das frenagens e o desempenho do “piloto”.

Em resumo, o Sandero RS é um carro para quem gosta de acelerar, trocar as marchas mais constantemente, fazer curvas rapidamente e não está preocupado com o consumo e nem mesmo com o conforto de marcha. Para quem tem acesso a pistas, ele já está pronto para começar a correr em track days, pois a Renault Sport fez um ótimo trabalho, um carro realmente esportivo e oferecido em uma faixa de preço sem concorrentes.

FICHA TÉCNICA: SANDERO R.S. 2.0

Arquitetura Carroceria monobloco, 2 volumes, 5 passageiros, 4 portas
Motor Quatro tempos, bicombustível (gasolina e/ou etanol),

quatro cilindros em linha, 16 válvulas

Tração   Dianteira
Cilindrada 1.998 cm³
Diâmetro x curso                                                82,7mm x 93,0 mm
Taxa de compressão 11,2:1
Potência máxima (ABNT) 145 cv (gasolina) @ 5.750 rpm / 150 cv (etanol) @ 5.750 rpm
Torque máximo (ABNT) 20,2 kgfm (gasolina) @ 4.000 rpm / 20,9 kgfm (etanol) @ 4.000 rpm
Alimentação Injeção eletrônica multiponto sequencial
Pneus/rodas 195/55 R16 (opcional 205/45 R17)
Suspensão dianteira MacPherson, triângulos inferiores, amortecedor hidráulicos

telescópicos com molas helicoidais.

Suspensão traseira Rodas semi-independentes, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais com efeito estabilizador.
Freios Dianteiros: discos ventilados de 280 mm de diâmetro e 24 mm espessura.

Traseiros: discos com 240 mm de diâmetro

Direção Eletrohidráulica, diâmetro giro 10,6 m
Câmbio Manual, 6 velocidades e marcha ré
Relações de marcha 1ª…………………. 3,73:1

2ª…………………. 2,10:1

3ª…………………. 1,63:1

4ª…………………. 1,29:1

5ª…………………. 1,02:1

6ª…………………. 0,81:1

Ré……………….. 3,54:1

Diferencial……… 4,12:1

Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas   320 litros
Carga útil 458 kg
Peso (em ordem de marcha) 1.161 kg
Entre-eixos 2.590 mm
Comprimento 4.068 mm
Altura 1.499 mm
Largura (sem retrovisores) 1.733 mm
Aceleração 0 a 100 km/h 8,4 segundos (gasolina) / 8,0 segundos (etanol)
Velocidade máxima 200 km/h (gasolina) / 202 km/h (etanol)

 

 

 

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