Ford fecha fábrica em SP, encerra produção do Fiesta e coloca 3 mil empregos em risco

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Decisão deve provocar a demissão de quase 3 mil trabalhadores em São Bernardo do Campo. Ford vai focar em SUVs e picapes

Ford Fiesta sai de linha: compacto premium estava defasado e sem qualquer chance de disputar vendas com rivais.
Ford Fiesta sai de linha: compacto premium estava defasado e sem qualquer chance de disputar vendas com rivais.


Por Thiago Ventura

A Ford Motor Company anunciou nessa terça-feira o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), encerrando a produção dos caminhões da linha Cargo, F-4000, F-350 e do compacto premium Fiesta. Os produtos não serão mais fabricados e as vendas seguem até o término dos estoques.  A decisão faz parte de uma reestruturação global da empresa: a Ford deixará de atuar no segmento de caminhões na América do Sul.

A planta de São Bernardo do Campo era a mais antiga da Ford no Brasil.  Segundo o  Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o fechamento da fábrica representa a demissão de pelo menos 2,8 mil trabalhadores.  A Ford seguirá com a planta de Camaçari (BA), onde são feitos o EcoSport e a linha Ka.

E mais cortes vêm por aí! A marca prevê a redução em mais de 20% dos custos referentes ao quadro de funcionários e à estrutura administrativa em toda a região. Em balanço referente ao ano passado, a Ford apresentou prejuízo de US$ 678 milhões na América do Sul.

Adeus! Americana desiste de comercializar pesados na América Latina.
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“Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.

Tchau Fiesta, oi SUVs!

A restruturação dos negócios confirma mais uma vez  a ênfase global em SUVs e picapes, cuja preferência tem crescido entre os consumidores.  Além disso, no caso brasileiro, os compactos de entrada.

O fim da planta de São Bernardo marca o fim do decrépito Fiesta. O carro foi abandonado pela Ford no Brasil, que passou a privilegiar o Ka e o EcoSport. Na Europa, o modelo segue com uma nova geração.  Outro modelo que deixa de ser ofertado é o médio Focus, com o encerramento da produção do Focus na Argentina.

Caminhões

Em relação aos caminhões, a Ford ocupava no Brasil a quarta posição no segmento, com 12% de participação em 2018, atrás de Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo. No mercado latino, vários outros players, incluindo as chinesas, atuam no segmento.

Segundo a marca, a  decisão de deixar o mercado de caminhões foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. “A manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável”, diz em nota.

Além do Fista, Focus também deixa de ser vendido no Brasil.
Além do Fista, Focus também deixa de ser vendido no Brasil.

Custo do fim

Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 460 milhões em despesas não recorrentes. Cerca de US$ 100 milhões serão relacionados à depreciação acelerada e amortização de ativos fixos (maquinário da fábrica). Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 360 milhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações de funcionários, concessionários e fornecedores. A maior parte dessas despesas não recorrentes será registrada em 2019 e é parte integrante dos US$ 11 bilhões em despesas, com efeito no caixa de US$ 7 bilhões, que a companhia prevê utilizar para a reestruturação dos seus negócios globais.

A empresa afirma que manterá o apoio integral aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica.