Governo e entidades criticam projeto que libera importação de carros usados

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Brasil permite apenas a importação de carros zero quilômetro ou antigos de coleção. Projetos na Câmara dos Deputados pretendem ampliar autorização

Modelos de luxo em Dubai: brasileiro não pode importar carros seminovos  e usados (foto: Pavlo Luchkovski/Pexels)
Modelos de luxo em Dubai: brasileiro não pode importar carros seminovos e usados (foto: Pavlo Luchkovski/Pexels)

Representantes do governo e da indústria automotiva colocaram criticaram proposta que autoriza a importação de carros usados, tema de dois projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados (PLs 6468/16 e 237/20, este apensado ao primeiro). As declarações foram dadas em audiência pública nessa segunda-feira (13) na Comissão de Viação e Transportes.

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Os debatedores afirmaram que os importados podem não atender a requisitos de segurança, eficiência energética e emissões de poluentes das normas brasileiras. Hoje, só é possível importar carros antigos para colecionadores, protótipos e veículos para o corpo diplomático. Além disso, modelos zero quilômetro podem ser levados para o Brasil por importação direta.

O diretor de Assuntos Técnicos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph, disse que os fabricantes nacionais têm de atender a mais de 50 requisitos técnicos e, até 2035, isso deve aumentar em mais 30 pontos. Segundo ele, essas normas vão desde itens de segurança até a maneira de marcar os chassis.

Henry acrescentou que os carros estrangeiros também podem não estar adequados às condições brasileiras como tipo de combustível e clima. Outro argumento é que não haveria assistência técnica para o consumidor.

Importação de carros usados: opção ao consumidor

Já o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), autor de um dos projetos (PL 237/20), defendeu a importação como meio de adquirir carros mais baratos e até mais seguros que os fabricados no País.

“Há muitos veículos usados em circulação no exterior, na Europa ou nos Estados Unidos – com apenas um ou dois anos de uso –, que têm um nível de segurança muito maior do que muitos novos produzidos no Brasil”, declarou.

michael-gaidaCompra de carros usados no exterior é criticada por entidades da indústria e governo (Foto: Michel Gaipa/Pixabay)

Segundo Van Hattem, os órgãos públicos deveriam se adaptar para verificar se o carro importado atende ou não aos requisitos exigidos. Ele leu participações de cidadãos que acompanharam a audiência pela internet e manifestaram o desejo de ter a opção de um carro usado estrangeiro.

Segurança


Por sua vez, o coordenador-geral de Segurança no Trânsito do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Daniel Tavares, explicou que uma simples vistoria não teria como verificar o cumprimento das normas pelos carros estrangeiros porque o objetivo dessa ação é apenas checar a conformidade da identificação do veículo. Ou seja, seria necessária uma inspeção de segurança, o que é mais complexo.

Assista a Audiência púbica na íntegra:

“Muitas vezes, esses carros não guardam as condições de segurança que nós temos no Brasil. E, em muitos casos, apresentam-se em condição de sucata. Isso nos traz uma preocupação muito grande sobre o aspecto de segurança na circulação deles”.

Para a diretora de Qualidade Ambiental do Ibama, Carolina Mariani, a verificação da adequação do carro às normas sobre emissões de poluentes não poderia ser baseada apenas no manual do veículo importado.

Relatório
O deputado Hugo Leal (PSD-RJ), relator dos projetos de lei, já apresentou um parecer que é contrário à ampliação da importação de carros usados. Ele fez um substitutivo para regular a importação para colecionadores, que hoje é feita apenas por uma portaria. O texto reduz a idade mínima do carro de 30 para 25 anos. (Redação com  Agência Câmara )