Por Marcello Oliveira
Há 100 anos nascia o Papa João Paulo II. Entre viagens apostólicas e deslocamentos dentro do Vaticano, João de Deus utilizou de veículos de diversas partes do mundo, entre eles esta Ferrari Mondial e uma exclusivíssima Enzo ele ganhou. A gente conta a história desses carros neste texto.
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O jovem seminarista e ator de teatro Karol Wojtyla vivia em Cracóvia, na Polônia, onde teve um também polonês Warsawa M20 Saloon 1958, que anos depois foi leiloado duas vezes. O atual proprietário, um alemão, levou o carro de sua casa até o Vaticano, em 2014, no dia da cerimônia de canonização de São João Paulo II. Também na Polônia, pouco antes de se tornar papa, Karol teve um Ford Escort GL, também leiloado.
Conhecido como o Papa peregrino por causa de suas viagens apostólicas, João Paulo II acumulou milhares de quilômetros em diferentes carros mundo afora. Em 1980, fez uma grande via sacra pelo Brasil. Em Curitiba usou um Ford Landau 1978, carro que até hoje é preservado com a bandeira do Vaticano e do Brasil na dianteira, como é protocolo até hoje dos carros que transportam a autoridade máxima da Igreja Católica. O sedã de luxo da Ford também é guardado com fotos que documentam a presença ilustre naquele carro. Na mesma viagem, o Papa usou um Mercedes-Benz 608D, totalmente adaptado para papamóvel, em Belo Horizonte e em outras cidades também. O veículo era transportado em um cargueiro da Força Aérea Brasileira. Em São Paulo, o papa andou em um clássico Chrysler Imperial 1929.
O Fiat 1107 – hoje guardado no museu do Vaticano – era o papamóvel que levava o João Paulo II pela Praça de São Pedro, no Vaticano, quando o pontífice sofreu um atentado a bala, em 1981. O veículo ficou em serviço até 2007, mas pouco rodado nesse período, pois após o atentado, o Vaticano priorizou os papamóveis blindados. O primeiro deles foi desenvolvido pela Land Rover, tendo o SUV Range Rover como base. A estreia foi numa visita do Papa ao Reino Unido.
Papa de Ferrari
Em 1988 o Papa foi a Maranello para abençoar os funcionários e as instalações da Ferrari. Lá ele foi levado em uma Mondial cabriolet que fez as vezes do papamóvel. João Paulo II também conheceu os carros de Fórmula 1 da Ferrari e encontrou com os pilotos da escuderia. Mas a história do pontífice com a marca italiana não ficou por ali. Em 2005 ele ganhou de presente uma Ferrari Enzo, série especial de apenas 399 unidades em homenagem ao fundador da marca. Especialmente para o papa, foi produzida a unidade de número 400. Ao receber o carro, em janeiro daquele ano, três meses antes de sua morte, o Papa, já debilitado, fez um pedido aos executivos da Ferrari: que o veículo fosse vendido e o dinheiro arrecadado fosse doado às vítimas do tsunami que devastou o sudeste da Ásia em 2004. A Ferrari, então organizou um leilão para vender a Enzo de número 400 do Papa, o que ocorreu dois meses após a morte de João Paulo II.
O leilão em prol das vítimas do tsunami arrecadou $1,1 milhão de dólares, que foi entregue no Vaticano ao Papa Bento XVI, que também ganhou um volante do carro de Michael Schumacher com uma dedicatória: “O volante do campeão do Mundo de Fórmula 1 para Sua Santidade Bento XVI, piloto do Cristianismo”.
Papamóveis argentinos para o Papa polonês
Tradicionalmente, em viagens apostólicas, os Papas utilizam papamóveis feitos por alguma montadora local ou
por alguma empresa que atue fortemente no país. Em outras situações, um cargueiro transporta o papamóvel utilizado no Vaticano até o país de destino do pontífice. Para evitar gastos adicionais, nas duas últimas viagens de João Paulo II ao Brasil, em 1991 e 1997, foram utilizados dois papamóveis que pertencem à Confederação dos Bispos da Argentina e que foram construídos especialmente para a visitas anteriores do Papa ao país sul-americano. Os dois veículos papais foram construídos com base num Chevrolet C10 Silverado 1982 e um Renault Traffic 1987. Na visita de 1997 ao Rio de Janeiro, além dos dois papamóveis argentinos, João Paulo II teve apoio de um Volvo S40 blindado.
O último papamóvel utilizado por João Paulo II foi um Mercedes-Benz ML 430, que até hoje pertence a frota do Vaticano. Foi utilizado por Bento XVI, mas atualmente encontra-se sem uso, pois o Papa Francisco se recusa a encontrar os fiéis com um papamóvel blindado e prefere o Mercedes Classe G 500, sem blindagem, que eventualmente foi usado por João Paulo II e Bento XVI no Vaticano e também deslocou Francisco pelas ruas do Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Um Fiat Idea também foi utilizado para o deslocamento do Papa na JMJ daquele ano.
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