Grupo Renault inicia fase 3 do projeto Renaulution, com 5 unidades de negócio e parceria com Geely para motores. Ampere será marca 100% de elétricos
O Renault Group anunciou nesta terça (8) a terceira fase do seu projeto Renaulution: a Revolution. O objetivo é adaptar a empresa para os novos tempos da indústria mundial. Como parte do plano, a Renault pretende trabalhar com cinco linhas de negócio todas por empresas independentes, mas interligadas entre si. O grupo francês ainda estabeleceu parceria com a Geely para desenvolvimento de motores híbridos. As empresas vão criar uma Joint-Venture chamada Horse.
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Entre as novidades da Renault, está a Ampere, uma montadora 100% de carros elétricos, controlada pela francesa e com participação da Qualcomm e parceria com o Google. Os demais negócios são a Alpine, Mobilize, The Future Is NEUTRAL e a Power. Essa última concentra os veículos à combustão e híbridos da Renault, Dacia e Renault LCV (comerciais leves).
O objetivo da Renault e Geely, que é a dona da Volvo, Lotus e Polestar, é criar a Horse, que será novo gigante automotivo global que se dedica precisamente ao desenvolvimento e produção de motores e transmissões para carros híbridos. Essa produção tanto será para as marcas dos dois grupos quanto para outras montadoras do mundo.
No lançamento, os primeiros clientes da empresa serão Renault, Dacia, Geely Auto, Volvo Cars, Lynk & Co, Proton, Nissan e Mitsubishi Motors, com capacidade de produção combinada de mais de cinco milhões de motores (híbridos e híbridos plug-in) e transmissões . O objetivo declarado é dobrar a participação do grupo no mercado mundial de carros híbridos, aumentando-a de 40 para 50% e depois para 80%.
Renaulution
Segundo o Renault, até agora, as montadoras de automóveis estavam evoluindo em um ambiente de tecnologias maduras de motores a combustão e de estabilidade nas expectativas dos clientes. A francesa vê as transformações em curso como oportunidade para gerar cadeias de valor adicionais, como veículos elétricos (VEs), softwares, novos serviços de mobilidade e economia circular.
Dessa forma, oficialmente o Renaulution entra em sua terceira fase, chamada Revolution. As primeiras foram Resurrection e Renovation. A ambição da empresa é se tornar uma montadora de automóveis de nova geração (Next Gen).
O Renault Group acredita que tais mudança farão a margem operacional crescer acima de 8% em 2025 e acima de 10% em 2030. Com isso, a empresa deverá retomar o pagamento de dividendos a partir de 2023. Esta política de dividendos, pela primeira vez para o Renault Group, vai crescer gradativamente, de forma disciplinada, com até 35% de taxa de distribuição de dividendos da receita líquida consolidada.
As cinco áreas de negócio são:
– Ampere: o primeiro player 100% dedicado a veículos elétricos & software originado do desmembramento de uma montadora de automóveis
– Alpine: uma marca mundial de alta tecnologia e zero emissão de poluentes, com um extenso legado de competições. Um modelo único e enxuto, combinado a tecnologias patenteadas
– Mobilize: construída em torno de uma empresa de serviços financeiros de ponta, para ingressar no mercado de serviços baseados em dados, energia e novas mobilidades
– The Future Is NEUTRAL: a primeira empresa de economia circular 360° da indústria automotiva a atuar desde o ciclo fechado de materiais até a reciclagem de baterias
– Power: o core business tradicional do Renault Group continuará a desenvolver veículos inovadores com motor a combustão de baixas emissões & veículos híbridos por meio das marcas Renault, Dacia e Renault LCV, tendo cada uma delas uma organização e uma governança dedicada. Para fortalecer e projetar esta parte do negócio no futuro, estamos anunciando a criação de um fornecedor global Tier 1 de ponta, com foco em tecnologias de motores a combustão interna & híbridos (projeto Horse)
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Power: veículos à combustão e híbridos
Os veículos com motor a combustão interna & híbridos ainda vão representar até 50% das vendas mundiais de carros de passeio, mesmo até 2040. Por isso, o Renault Group está assegurando o desenvolvimento futuro de seu core business, com o lançamento de uma gama de modelos totalmente nova, com motor a combustão e híbridos (carros de passeio) da Renault, Dacia e LCV (comerciais leves)– e a criação de um fornecedor mundial, líder em tecnologias de motorização a combustão & híbrida.
O Renault Group e a Geely vão combinar seu negócio de motores a combustão em uma unidade com capital dividido à ordem de 50%-50%. Esta unidade de negócios dedicada vai conceber, desenvolver, produzir e comercializar todos os componentes e sistemas de motores a combustão & híbridos. Desde o primeiro dia de operação, esta unidade terá um faturamento superior a 15 bilhões de euros e um volume de 5 milhões de unidades anuais, atendendo 8 clientes que se beneficiarão de um aumento de sinergias e produtividade.
Esta organização será independente e global, com:
- 17 plantas que fornecerão para 130 países
- 5 centros de P&D centers na Europa (Espanha, Romênia e Suécia), China e América do Sul, para um total de 3.000 engenheiros
- Um total de 19.000 colaboradores, em 3 continentes
Ela vai oferecer um portfólio de tecnologias para todos os componentes: motor, transmissão, baterias e sistemas para xHEV Graças a este projeto, o Renault Group vai dobrar tanto sua escala quanto a cobertura de mercado, passando de 40% para 80% em todo o mundo.
Este crescimento será potencializado pela expansão geográfica, com acesso à América do Norte e China, além da complementariedade de produtos que virá por meio de sistemas completos de baixas emissões e soluções para montadoras de automóveis. Para isso, a joint venture vai desenvolver seu portfólio de tecnologias na área de combustíveis alternativos.
Ampere: marca de elétricos
Com a Ampere, o Renault Group está criando uma empresa independente que será o 1º player 100% dedicado a veículos elétricos e software, originado do desmembramento de uma montadora de automóveis. A Ampere vai desenvolver, produzir e comercializar carros de passeio 100% elétricos, com tecnologia de ponta de SDV (veículo definido por software), por meio da marca Renault. A Ampere vai oferecer o melhor de dois mundos: o know-how e as capacidades do Renault Group e o foco e agilidade de um player 100% elétrico.
Baseada na França, a Ampere será uma montadora de automóveis independente, com aproximadamente 10 mil colaboradores. Como empresa de tecnologia, a Ampere vai ser movida pela inovação com aproximadamente 3.500 engenheiros, metade deles especializados em software.
Até 2030, a gama de seis veículos elétricos da Ampere será idealmente posicionada nos segmentos que mais crescem na Europa, cobrindo 80% das principais oportunidades de lucros em VEs: o segmento B, com o novo Renault 5 Elétrico e o Renault 4 Elétrico, e o segmento C, com o Megane E-Tech Elétrico, Scénic Elétrico e 2 outros veículos que serão revelados. Grande parte dos investimentos nos quatro primeiros veículos já foi feita.
Veículos definidos por software
Dentro da Ampere, a Renault vai utilizar a tecnologia SDV, de veículos definidos por software. Para lançar sua primeira gama aberta e horizontal de SDV em 2026, o Renault Group firmou fortes parcerias com dois grandes players tecnológicos:
– Qualcomm Technologies, para desenvolver em conjunto plataformas de TI baseadas nas soluções Snapdragon Digital® Chassis™ para Arquitetura Eletrônica Centralizada, incluindo os sistemas System on Chip e software low-layer além de recursos, serviços e aplicativos embarcados. Para basear esta cooperação em uma perspectiva de longo prazo, a Qualcomm Technologies, ou uma de suas afiliadas, pretende investir na Ampere, a empresa do Renault Group dedicada a software e mobilidade elétrica
– Google: isso inclui uma plataforma baseada em Android para os veículos definidos por software e software de nuvem, para criar um gêmeo digital (digital twin) SDV.
A criação de SDVs de forma horizontal está sendo feita pela primeira vez em toda a indústria, permitindo reduzir os prazos e custos de desenvolvimento. A parceria com o Google para criar esta plataforma aberta baseada no sistema Android permite que a Ampere conte com um dos maiores ecossistemas globais do mundo de desenvolvedores de aplicativos terceiros.
Alpine
A Alpine vem crescendo no grupo e se consolida como empresa de alta performance da Renault, com seu único modelo, o cupê esportivo A110 e sua participação na Fórmula . A Alpine é uma montadora independente com uma equipe de 2.000 pessoas, das quais 50% são engenheiros. Ser parte do Grupo assegura à Alpine o acesso às competências em tecnologia de software e VEs da Ampere.
A Alpine está desenvolvendo uma nova gama que vai estimular seu crescimento e ambições internacionais. Ela será 100% elétrica a partir de 2026. Até lá, a Alpine também vai revelar o próximo A110 e dois novos modelos: um hatchback do segmento B e um crossover do segmento C superior.
A Alpine pretende lançar dois veículos de luxo nos segmentos D e E, para dar sustentação à sua expansão internacional. A aposta é conseguir entrar nos mercados da América do Norte e a China.
Mobilize
A Mobilize deve se tornar um fornecedor de VaaS (Veículo como Serviço) associando serviços baseados em dados, energia, mobilidade e financeiros, amparados por veículos desenvolvidos para fins específicos (purpose-designed vehicles). Agregados em soluções completas e integradas, estes serviços atenderão as necessidades de clientes de varejo, frotas e operadores de mobilidade, gerando receitas recorrentes.
The Future Is NEUTRAL: a primeira empresa de economia circular
O Renault Group anunciou em 13 de outubro a criação de uma nova empresa: The Future Is NEUTRAL. Esta nova unidade oferece soluções de reciclagem em ciclo fechado em cada fase do ciclo de vida de um veículo: fornecimento de peças e matérias-primas, produção, uso e fim de vida.
Dos 50% de cobertura da cadeia de valor atuais, a unidade The Future Is NEUTRAL pretende atingir acima de 90% até 2030. Ela espera se tornar líder na Europa em escala industrial na economia circular em ciclo fechado na indústria automotiva. Ela atenderá o Renault Group assim como toda a indústria.
A The Future Is NEUTRAL está abrindo uma parte minoritária de seu capital para investidores externos, com o objetivo de obter o financiamento conjunto de aproximadamente 500 milhões de euros até 2030.