Grupo francês inicia mudanças na organização e vai priorizar Renault, Dacia, Alpine e ‘Novas mobilidades’. Na Fórmula 1, Renault Sport dá lugar à Alpine
Às voltas com indefinição da aliança estratégica com a Nissan e Mitsubishi e com as quedas no faturamento, o Grupo Renault planeja fazer uma profunda reestruturação, reduzindo suas marcas para reforçar quatro ‘unidades de negócio’ (business units – BU). Com esse plano, que deve ser finalizado até 2022, algumas marcas poderão ser extintas, incluindo a russa Lada, a franco-coreana Renault Samsung Motores (RSM) e mesmo a divisão esportiva Renault Sport (R.S.).
Em comunicado divulgado na última semana, o grupo francês determinou que as marcas serão agrupadas em quatro BU: Renault, Dacia, Alpine e ‘Novas Mobilidades’. Segundo o Grupo Renault, o projeto ‘visa criar uma organização mais simples e mais orientada para os resultados, paralelamente ao fortalecimento da coesão, motivação e sentimento de pertencimento das equipes’.
Nesse organograma, a Renault figura como marca master, concentrando os produtos mais caros e em mercados de primeiro mundo, enquanto a Dacia terá os veículos acessíveis, visando mercados emergentes. Dessa forma, a russa Lada poderá ser agregada à Dacia, para reforçar só uma marca nesses mercados, em especial no Leste europeu. Em outra frente, a Renault Samsung Motors deverá ser extinta, ficando apenas ‘Renault’.
Em outra frente, a divisão esportiva Renault Sport (R.S.) deverá dar espaço à Alpine. O nome icônico, surgido nos anos 1950 e que ganhou fama entre 60 e 70, foi recentemente retomado, inclusive lançando o novo modelo A110. A Alpine deverá concentrar os carros esportivos e versões nervosas da Renault.
A estratégia da Alpine já teve inclusive um outro capítulo: em comunicado feito no domingo, durante o Grande Prêmio da Itália, a Renault anunciou que vai alterar o nome da sua equipe na Fórmula 1 para a temporada 2021. Inclusive, o carro abandonará as cores amarelo e preto e adotará as francesas azul, branco e vermelho.
A marca Alpine será vista na carroceria, prestando uma homenagem ao icônico A110. O motor da escuderia manterá o nome E-Tech e continuará se beneficiando das motorizações híbridas.
“A empresa precisa mudar seu ‘modo de jogo’ e passar da busca pelos volumes à busca pelo valor e a lucratividade. A organização em torno de quatro marcas fortes e grandes funções transversais permitirá trabalhar de forma mais simples, mais orientada para os mercados e os clientes, com um espírito de equipe, buscando o melhor resultado possível. Esta é uma alavanca fundamental para a recuperação do Grupo “, declarou Luca de Meo, CEO do Grupo Renault.
No âmbito deste projeto, as reflexões em torno da criação, organização e implementação destas novas BUs serão lideradas por:
Luca de Meo, CEO do Grupo Renault, para a Renault;
Denis Le Vot, vice-presidente executivo de regiões, vendas e marketing do Grupo, para a Dacia,
Cyril Abiteboul, diretor geral da Renault Sport Racing, para a Alpine,
Clotilde Delbos, CEO adjunta da Renault e CFO do Grupo, para as Novas Mobilidades.
Assim que estiver suficientemente completo, este projeto de desenvolvimento da organização será compartilhado com os órgãos representativos dos colaboradores.
E no Brasil?
Como já é de conhecimento, a Renault produz e comercializa no Brasil os modelos da Dacia, mas com a grife da marca francesa. Pela nova organização mundial, a Dacia seria responsáveis nesses projetos. Porém, está descartada a vinda a Dacia para o Brasil; a estratégia deverá ser mantida. Esses arranjos nacionais e regionais serão considerados pelo Grupo Renault. Pode ser o caso semelhante da Lada; talvez marca mantenha o nome como nicho, semelhante ao que faz a Ford no Brasil como a cearense Troller.
Em relação à Alpine, o cupê esportivo A110 não virá para o Brasil. Porém, com a maior publicidade com a F1 a partir de 2021, é capaz da grife alpina ser aplicada em versões especiais esportivas, talvez um Sandero Alpine.