A estrutura de um veículo precisa ser desenvolvida para absorver ao máximo o impacto de uma colisão, por meio de deformações que são programadas
Por Ed Taiss
Embora seja um atributo essencial para um veículo, a segurança ainda parece exercer pouca influência sobre a decisão de compra por parte do usuário final. Enquanto o custo, o design e o conforto estão entre os fatores mais avaliados pelo brasileiro, a segurança fica em segundo plano. Em partes, isto se observa porque o consumidor ainda é pouco informado sobre o nível de proteção dos carros na hora da compra.
Quando avalia a segurança de um veículo, o usuário se preocupa mais com dispositivos eletrônicos, como airbags e freios ABS, porém o carro – mesmo equipado com todos os acessórios – pode não oferecer a proteção necessária aos ocupantes, caso tenha uma carroceria frágil. Não é à toa que a estrutura veicular também é chamada ‘célula de sobrevivência’.
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Apesar de pouco avaliada pelo consumidor, a carroceria é fundamental para a proteção dos passageiros. A estrutura de um veículo precisa ser desenvolvida para absorver ao máximo o impacto de uma colisão, por meio de deformações que são programadas, ou melhor, projetadas, com o objetivo de manter íntegro o interior do veículo. Dependendo de como é projetada, a carroceria pode salvar ou tirar vidas.
Existem estruturas que pouco deformam em colisões e consequentemente não absorvem o impacto, transferindo a energia para os ocupantes, que podem ser projetados para frente. Há também carrocerias que deformam demais e avançam para dentro da cabine, e o impacto pode atingir o ocupante. Uma intrusão extra na cabine pode representar a diferença entre a vida ou a morte.
Modelos equipados com diversos dispositivos podem ter desempenho ruim em testes de colisão, como os realizados pelo Latin NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe), que oferece ao consumidor avaliações sobre a segurança de diferentes modelos disponíveis no mercado, pontuados com zero a cinco estrelas na proteção de adultos e crianças.
A exemplo do que se observa no Exterior, o Brasil deveria informar ao consumidor o nível de proteção de cada veículo comercializado. Penso que isso colaboraria para a redução de mortes no trânsito no Brasil, quinto país com maior número de acidentes com vítimas fatais, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em contribuição para as discussões sobre segurança viária, propostas pelo Movimento Maio Amarelo, uma iniciativa internacional para conscientização sobre redução de acidentes de trânsito no mundo, o 5º Simpósio SAE BRASIL CarBody reunirá especialistas da indústria dias 2 e 3 de maio, em São Paulo, com o objetivo de apresentar tendências tecnológicas para carrocerias mais seguras.
*Ed Taiss é consultor de Tecnologia da CBMM e chairperson do 5º Simpósio SAE BRASIL CarBody