Teste | Nissan Frontier Attack 2019 tem força e beleza

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Agora importada da Argentina, Nissan Frontier Attack 2019 oferece conjunto mecânico potente e visual de chamar atenção, mas deve alguns itens

Por Amintas Vidal e 
Thiago Ventura

Em busca de retomar o lugar Sol em que ficou famosa nos anos 2000 no segmento das picapes-médias, a Nissan volta a apostar fichas em sua Frontier. Se o legado de outrora não tem ajudado nas vendas do modelo, com certeza influenciou no ótimo projeto desta 12ª geração e foi determinante para reedição da versão Attack, que fez muito sucesso nas duas gerações anteriores. É exatamente esta versão que o Carro Esporte Clube recebeu para teste da marca japonesa.

A atual geração foi lançada em março de 2017, e chegou importada do México, na versão de topo da gama, LE. Em novembro do mesmo ano, a Nissan passou a oferecer a intermediária, SE, de mesma origem. Desde o fim de 2018, a Frontier passou a ser produzida na nova planta da Nissan localizada em Córdoba, Argentina, como modelo 2019. A mudança de nacionalidade trouxe alguns detalhes estéticos e bons melhoramentos técnicos, além da ampliação no número de versões, de duas para quatro. Importante frisar que a Frontier 2019 tem a mesma base mecânica da Renault Alaskan e Mercedes-Benz Classe X; a francesa é fabricada em Córdoba, enquanto a alemã será produzida apenas na Espanha.

Todas as versões da Frontier têm cabine dupla e tração 4×4. Uma novidade da linha 2019 é a básica, S, é a única com câmbio manual de 6 marchas e motor diesel 2.3 16V com apenas um turbo e 160cv de potência. A aposta é crescer em vendas nos clientes corporativos e frotistas.

As opções Attack, XE e LE têm o mesmo motor, porém biturbo, que desenvolve 190cv e 450 Nm de torque entre 1.500 e 2.500 rpm. Nesta configuração de motor, o câmbio é automático de 7 velocidades com possibilidade de trocas manuais sequenciais através da alavanca de comutação das marchas. O sistema de tração integral permite circular em 4×2 traseira, 4×4 e 4×4 reduzida. Segundo engenheiros da marca, apesar de não haver bloqueio de diferencial, uma nova programação do ABS permite identificar e bloquear uma roda sem tração para transferir a força para outra roda que tenha aderência, fazendo a função que seria do recurso ausente na Frontier.

Ar-condicionado, direção hidráulica, duplo airbag, ABS, controle eletrônico de tração e estabilidade, controle automático de descida e sistema de auxílio de partida em rampa são alguns dos principais equipamentos presentes que já faziam parte da versão anterior.

Visual

Apesar de intermediária e sem faróis em LED, a Attack tem o design mais atrativo da gama Frontier. A picape exibe adesivos laterais com o nome da versão e a inscrição “4×4”, estribos laterais, Santantônio e rack de teto na cor preta, pneus todo-terreno e rodas escurecidas. No parachoque dianteiro, há uma barra negra de quebra mato, que deixa o conjunto bem bonito.

A Nissan Frontier Attack já foi vendida nas gerações anteriores da picape. Surgiu pela primeira vez entre 2006, ainda na 10ª geração da Frontier. A segunda foi como modelo 2012, na 11ª geração. No Salão de Buenos Aires 2017, a Nissan apresentou a “Attack Concept”, que dava pistas de como seria a identidade visual da picape de série. Muito daquele carro foi preservado para a versão de produção.

Para os clientes que buscam status num veículo tão grande, mesmo trafegando somente em circuito urbano, a Frontier Attack é uma boa pedida. Não sei pela vibrante cor vermelha ou o contraste dos diversos apliques em preto, mas o fato é que a picape atrai olhares pelas ruas, acredito que bem mais que as versões superiores, que mais equipamentos, mas tem um design mais discreto.

Vida a bordo

O visual externo jovem e agressivo contra seu antagonismo do lado de dentro. É quando o motorista volta à realidade que a Attack é uma versão intermediária. Mesmo com essa consideração, algumas ausências gritam aos olhos quando nos damos conta dos R$ 155.590 cobrados pela Nissan pelo produto.

Revestimento dos bancos em tecido, painel, portas e consoles em plástico duro e o ar condicionado manual entregam sua origem “classe média”. Além disso, o banco do motorista tem ajustes manuais. Algumas economias promovidas pela Nissan são imperdoáveis. O sistema de áudio só conta com alto-falantes na parte da frente da cabine, deixando a desejar na qualidade sonora.

Por outro lado, a Frontier Attack 2019 oferece central multimídia com tela de 8 polegadas e os controles no volante (este revestido em material que imita couro, assim como as alavancas de marcha e de freio de mão), equipamentos acrescidos em relação à antiga SE. Os apoios de braço nas portas, revestidos em tecido acolchoados, o apoio de braço central do banco traseiro, agora com porta copos, as saídas do ar-condicionado para parte de trás da cabine receberam elogios dos passageiros. Um mimo muito bom é a iluminação do assoalho da porta, um item muito importante ao sair do veículo à noite, especialmente numa estrada de terra.

Também merecem elogios os importantes ganchos Isofix para ancoragem de assentos infantis, cinto de três pontos e encosto de cabeça na posição central do banco traseiro. Esses itens chegaram agora na linha 2019.

A posição de dirigir é muito boa, com os comandos bem acessíveis. O espaço para a turma de trás é bom (considerando picapes médias cabine dupla). O assento traseiro é mais elevado, tornando mais confortável a viagem.

 

Como anda
Circulamos por mais de 600 Km em vias de asfalto e terra, suficiente para uma boa avaliação dentro e fora de estrada. O modelo tem motor diesel 2.3 biturbo com 190 cavalos e transmissão automática de sete velocidades. O utilitário anda muito bem e não fica devendo nada para suas concorrentes, seja na rodovia ou no chão. Vem com importantes controles de tração e estabilidade (VDC – Vehicle Dynamic Control) e controle automático de descida (HDC). A tração integral pode ser ativada através de um botão no console.

O conforto acústico na Frontier é muito bom. Diversos materiais isolantes e os vidros especiais tornam a cabine bem silenciosa. Aos 110km/h e em sétima marcha o motor gira a pouco mais de 2000 rpm. Nesta situação praticamente só se ouve o vento contra a carroceria e quase nada do motor e dos pneus. Rodando de forma econômica atingimos até 14km/l em estradas, nos trechos mais planos, uma boa média para o tamanho e peso do veículo.

Seu tanque comporta 80 litros, o que garante ótima autonomia. Já suas dimensões não ajudaram achar vagas na rua ou conseguir garagem que a coubesse. Ela mede 5,26m de comprimento, 1,85m de largura. Tem capacidade de 1.064kg de carga. Já sua caçamba tem 1,50m, 1,56m e 0,47m, comprimento, largura e altura, respectivamente.

Por falar em rodar na cidade, mais um ponto negativo na economia feita pela Nissan. A picape vem com câmera de marcha à ré, mas sem sensor de estacionamento. Em um veículo tão grande e pesado os sensores são imprescindíveis. Este equipamento, relativamente barato, não poderia estar de fora de um veículo com este valor.

Tecnologia e polêmica

A troca de origem de fabricação do México para a Argentina a partir da linha 2019 não teve alterações visuais, mas importantes novidades técnicas. O sistema ABS foi modificado com freios e os cilindros traseiros maiores para tornar a reação do pedal mais rápida e eficiente em relação à desaceleração do carro. Além disso, a Nissan Frontier está com a estrutura ainda mais resistente, com chassi reforçado, quatro vezes mais forte, ao mesmo tempo em que é mais leve e eficiente.

Motivo de discórdia na imprensa especializada, a suspensão traseira da Frontier merece elogios. Realmente, ela não deveria ser chamada de multilink, pois este nome caracteriza sistemas independentes que utilizam múltiplos braços. Ainda dependente e com eixo rígido, o projeto da Nissan é inovador, pois usa quatro braços, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores.

Unir este tipo de mola com amortecedores, quando se utiliza eixo rígido, não é novidade, mas em um veículo de transporte de carga, sim. Contudo, a Frontier tem a melhor suspensão traseira do mercado. Ao contrário da maioria das picapes médias que pulam muito quando estão leves, este sistema da Nissan oscila em frequência mais baixa e com maior amplitude. Não transforma o modelo em um sedan, mas melhora muito o conforto de marcha. Além disso, ela garante estabilidade condizente com o peso e altura do veículo e mantém o eixo traseiro mais tempo em contato com o solo, garantindo mais segurança direcional.

Conclusão

Como sempre opinamos sobre as picapes médias, elas só fazem sentido para quem realmente precisa transportar cargas. Já para quem circula por estradas, precisa carregar grandes volumes e pesos maiores, a Frontier cumpre essas tarefas oferecendo mais conforto que suas principais concorrentes. No caso dessa versão Attack, ela irá agradar aos que valorizam um visual diferenciado, não fazem questão do ar-condicionado automático digital e também não querem gastar tanto para ter um modelo de topo de linha.

FICHA TÉCNICA

NISSAN FRONTIER ATTACK 2019

MOTOR
Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.298cm³ de cilindrada, biturbo, a diesel, que desenvolve potência máxima de 190cv a 3.750rpm e torque máximo de 45,9kgfm entre 1.500rpm e 2.500rpm

TRANSMISSÃO
Tração traseira, com opção de 4×4 e reduzida, e câmbio automático de sete marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com braços duplos e barra estabilizadora; e traseira conjugando multilink e eixo rígido /18 polegadas (liga leve)/255/60 R18

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
A disco ventilados na frente e tambores na traseira, com ABS e EBD

CAPACIDADES
Tanque, 80 litros; capacidade de carga (passageiro e carga), 1.050 kg

CONSUMO (INMETRO)
Urbano 9,2 km/l / Rodoviário 10,5 km/l

PREÇO
R$ 155.590

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