Uma boa notícia no campo da neoindustrialização no Brasil. A Stellantis, grupo que controla Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën, dentre outras marcas, confirmou que terá produção na América do Sul de veículos eletrificados. A montadora vai iniciar, já em 2024, a venda de carros com o conjunto Bio-Hybrid, o nome do sistema híbrido da empresa.
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Mais do que importar produtos e tecnologias eletrificadas, a empresa vai produzi-los no Brasil. E para isso, desenvolveu quatro plataformas, sendo que três combinam um produto já consolidado no país: o etanol. E o bom é que a tecnologia chegará ao mercado já no próximo ano!
As plataformas de tecnologia de motopropulsão híbrida foram apresentadas à imprensa no Polo Industrial de Betim (MG). Elas foram desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul, em colaboração com fornecedores e pesquisadores. Segundo a empresa, todas as três fábricas do grupo no país, Betim (MG), Goiana (PE) e Porto Real (RJ), podem fabricar os produtos – inclusive carros 100% elétricos!
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Segundo o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, as novas tecnologias estão de acordo com o plano Dare Forward 2030, com objetivo de reduzir as emissões de CO2. Para o Brasil, a expectativa é contar com 20% dos produtos elétricos em 2030 e com uma vantagem: produção local.
“É uma oportunidade de reindustrialização e de reconfiguração da indústria nacional de autopeças, que é diversificada, complexa e muito importante para a e economia brasileira”, afirma o executivo. Filosa também confirmou que os conjuntos híbridos serão aplicados em todas as marcas, inicialmente nas de grande de vendas: Fiat e Jeep.
O movimento é muito interessante e coloca a empresa numa posição privilegiada em relação as concorrentes, em especial Volkswagen e Chevrolet. Apesar de não falar claramente, é um resposta à investida das marcas chinesas Great Wall Motors (GWM) e BYD, que vão fabricar carros eletrificados no país. Ou seja, a Stellantis não vai deixar o “cachimbo cair” e terá seus próprios produtos para encarar a concorrência.
O sistema Bio-Hybrid surgiu dos estudos feitos pelo projeto Bio-Electro. Após análise industrial, a empresa revela quais serão suas plataformas eletrificadas, com destaque para sistemas híbrido flex:
Trata-se de uma plataforma híbrido “de entrada” na eletrificação: o motor ganha dispositivo elétrico multifuncional que gera torque adicional para o motor térmico e energia elétrica para carregar a bateria adicional de Lítio-Íon de 12 Volts, reduzindo o consumo de combustível. Essa engenharia mais simples pode ser amplamente aplicada, inclusive em veículos mais baratos!
O segundo degrau das plataformas, nesse caso já conta com dois motores elétricos e uma bateria de Lítio-Íon de 48 Volts. O conjunto híbrido leve é voltado para eficiência e economia, com uma gestão eletrônica que permite operação térmica, elétrica ou híbrida.
Terceiro nível da eletrificação híbrida flex, a plataforma Bio-Hybrid Plug-in: possui uma bateria de Lítio-Íon de 380 Volts que pode ser recarregada por meio do motor térmico do veículo, por sistema de regeneração ou fonte de alimentação externa elétrica, otimizando eficiência e economia. É um conjunto híbrido semelhante ao presente no Compass 4Xe, mas com produção local.
Plataforma para veículos movidos à bateria, nesse caso o carro é totalmente impulsionado por um motor elétrico de alta tensão. O bloco e alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, oferece torque instantâneo e desempenho responsivo. Segundo a Stellantis, nesse caso seriam EVs com potência a partir de 122 cv e baterias de, ao menos, 44 kWh.
De acordo com a Stellantis, todas as fábricas brasileiras da empresa podem produzir veículos de qualquer uma dessas plataformas. Além do trabalho de engenharia, também o Safety Center de Betim está recebendo investimento para avaliar segurança de carros elétricos, o que inclui teste de mergulho dos carros.
“Devido à sua matriz energética, o Brasil tem a oportunidade de fazer uma transição mais planejada e menos onerosa, aproveitando-se da gradual redução dos custos decorrentes da massificação da tecnologia”, explica João Irineu, VP de assuntos regulatórios da Stellantis para América do Sul
A diretoria da empresa conseguiu provar para a matriz que combinar o etanol com a eletrificação é uma alternativa competitiva para a redução das emissões de CO2 e para tornar a mobilidade mais sustentável. Essa transição é essencial para garantir uma mobilidade de baixo carbono, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil, onde os veículos elétricos ainda têm custos elevados.
Todavia, a entrada das montadoras chinesas como BYD e GWM parece ter impulsionado ainda mais os planos da Stellantis. Tanto que já confirmou que terá carro 100% elétrico feito por aqui até 2030. Porém, acredito muito que essa data será antecipada com o possível sucesso dos modelos eletricos chineses que serão fabricados a aqui a partir, a tardar, 2025 ou 2026.
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