Acumulado de vendas de carros usados ultrapassa 8,8 milhões em 2021. Chegada da startup mexicana Kavak pode ampliar ainda mais o mercado
Com a escassez de veículos novos, provocada pela dificuldade na obtenção de peças e componentes pela indústria, o mercado de usados tem crescido em ritmo forte e registrou, em 2021, o melhor mês de julho e o melhor resultado nas transações de usados nos sete primeiros meses do ano, desde o início da série histórica da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, em 2003.
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Isso porque, em julho, as transações tiveram alta de 6,55% sobre junho, totalizando 1.425.219 unidades. O acumulado no ano, por sua vez, atingiu, aproximadamente, 8,8 milhões de unidades – crescimento de 55,78% sobre o mesmo período de 2020. Em relação a julho de 2020, a alta foi de 25,04%. “Com a baixa disponibilidade de novos, o consumidor tem realizado as trocas de veículos no mercado de usados, que também sofre redução de oferta”, afirma Alarico Assumpção Júnior, Presidente da Fenabrave.
Vivendo momentos de aquecimento, mesmo diante dos problemas gerados pela pandemia, o mercado de carros seminovos e usados vai continuar em alta no curto e médio prazo no país. O índice de confiança do consumidor vem melhorando, a economia vem dando sinais claros de retomada, enquanto circunstâncias particulares estão afetando o abastecimento no segmento de veículos zero quilômetro.
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“Vai continuar faltando carros novos no mercado. Os preços estão nas alturas, há a escassez de componentes, e os prazos pedidos para entrega estão em até 180 dias em alguns modelos”, avalia o diretor comercial da AutoMAIA Veículos e diretor de marketing e planejamento da Associação dos Revendedores de Veículos de Minas Gerais (ASSOVEMG), Flávio Maia.
Na pauta do dia, um dos motivos de euforia para o nicho de veículos seminovos e usados no Brasil é a chegada por aqui da startup mexicana Kavak. Com aportes da ordem de R$ 2,5 bilhões, a intenção é tornar o país seu principal mercado de compra e venda de carros usados até 2022, uma estrutura que inclusive irá superar a matriz da empresa no México.
Até o ano que vem, a perspectiva é estabelecer um estoque de 100 mil unidades no Brasil. Entre os planos, também o objetivo de dobrar a equipe para mil funcionários até dezembro e inaugurar um megacentro automotivo em Barueri, na Grande São Paulo, além da abertura, nos próximos meses, de dezenas de pequenos centros.
No Brasil, a Kavak divide espaço com concorrentes locais, como a Volanty, que foi recentemente comprada pela Creditas, e a argentina Karvi, que também já receberam dezenas de milhões de reais de investidores internacionais em capital de risco. “Tudo o que reforça o posto ocupado pelo Brasil como o terceiro maior mercado automotivo do mundo em volume de vendas, atrás apenas de Estados Unidos e China”, compara o empresário, à frente de uma das revendas de veículos referência em Belo Horizonte. O país observa a proliferação de empresas de base tecnológica para intermediação de compra e venda de veículos seminovos.
Criado para ser um meio seguro e vantajoso para os deslocamentos pelas cidades, quando o transporte por aplicativo surgiu logo ganhou adeptos. Um cenário de maravilhas que agora parece estar perdendo completamente o sentido – o Uber está em crise. Motoristas vêm amargando os efeitos da alta nos preços da gasolina, os valores mais salgados de componentes, como pneus e outras peças.
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São despesas que só aumentam, e as condições dos carros estão cada dia mais precárias. “Isso também tem impulsionado as vendas dos seminovos e usados. As pessoas que se desfizeram do carro optando pelo transporte por aplicativo, diante dessa situação estão procurando o carro próprio novamente. E a questão do compartilhamento agora está sendo deixada de lado. A mobilidade individual está de volta”, avalia Flávio Maia.
O aumento também nas taxas de recolhimento da Uber está fazendo os motoristas receberem menos, sem a compensação do reajuste que deveria ser feito nos preços das corridas. O valor mais alto do aluguel de veículos (grande parte dos motoristas faz essa opção) é mais um problema – muitos precisaram devolver os carros e ficaram sem o instrumento de trabalho. “Essa é uma conta que não tem fechado”, acrescenta Flávio Maia.
Balanço
No recorte para Minas Gerais, o número de vendas de carros seminovos e usados em julho de 2021 foi de 177.075 unidades, aumento de 8,4% na comparação com junho, quando foram registradas 163.346 unidades vendidas, e crescimento de 5,7% no paralelo com julho de 2020, quando foram computadas 167.548 unidades vendidas. Considerando o acumulado do ano no estado, até o fim de julho foram 1.093.505 carros usados e seminovos comercializados, frente a 791.500 no acumulado de 2020, no período equivalente, incremento de 38,2%.
“São resultados muito bons, ainda mais pensando que o país continua no enfrentamento ao coronavírus, mas não se pode deixar de observar que, aos poucos, a vacinação em massa começa a surtir efeitos positivos”, avalia Flávio Maia. (Fonte: Fenabrave e Romano)
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