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Saiba por que os combustíveis são tão caros no Brasil

Dólar mais caro e regulação com o mercado internacional são alguns fatores que mexem com o valor dos combustíveis. Inflação em alta também prejudica poder de compra do motorista

Vários tributos que devem ser repassados na revenda de combustíveis

Os brasileiros vivem, atualmente, com uma preocupação diária: o constante aumento no valor dos combustíveis na hora de abastecer. De janeiro até a primeira semana de agosto, em média, o valor da gasolina que sai da refinaria pulou de R$ 2,86 para R$ 3,62 por litro. E quando o consumidor vai abastecer na bomba do posto de combustível, esse aumento se traduz em quase R$ 6,00 na maior parte do Brasil. Então, para entender o motivo desses aumentos frequentes, a reportagem consultou especialistas, empresários, sindicatos e o governo federal. O grupo coloca a culpa nos impostos estaduais como justificativa para os valores cobrados da população, mas outros fatores não podem ser descartados desse cálculo. Entre eles, a inflação crescente e o fator risco-Brasil prejudicam o preço dos combustíveis e o poder de compra do consumidor.

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O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (SindicobustíveisDF), Paulo Roberto Tavares, explica que um ponto importante nessa equação é a política de preços da Petrobrás, que atrelou seus valores ao mercado internacional. Isso significa que quanto mais o preço do barril de petróleo e o dólar sobem, mais caro fica o combustível no Brasil – mesmo na produção nacional. Além disso, Paulo Tavares destaca que um fator relevante nessa conta são os impostos estaduais.

“O imposto federal que é o PIS/Cofins e Cide, sobre a gasolina, é de R$ 0,70 centavos por litro. Então, se a gasolina custar R$ 1,00 ou R$ 10,00 será R$ 0,70 centavos por litro. No caso do ICMS, não. É uma alíquota cobrada sobre o preço de bomba. Então, quanto mais a gasolina sobe, maior será o valor numérico em arrecadação de ICMS. A alíquota não aumenta, mas o preço na bomba aumenta e, quando aumenta, gera maior arrecadação dos estados. E obviamente que eles não vão querer abrir mão disso”, argumentou. 

Dirson Alberto Brendler é proprietário do Auto Posto-Araúna, localizado na BR-158 em Mato Grosso. O empresário tem uma opinião semelhante a respeito dos motivos que causam aumento no preço do combustível por todo o Brasil: os impostos variáveis de um estado para o outro. Segundo Dirson, o valor cobrado desde o combustível sair da refinaria até chegar ao posto não é alto se comparado ao que o consumidor paga quando abastece.

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“Na refinaria é barato o combustível, basta avaliar que se você colocar o frete da refinaria para a distribuidora vai ser questão de centavos para levar uma carga das refinarias para as transportadoras. As distribuidoras são quem repassam o combustível para os postos (os revendedores finais) e nisso vão mais alguns centavos de frete. Depois disso é que entra a questão dos impostos que encarecem o produto e isso não é coisa do posto, da distribuidora ou refinaria, é uma questão de governos estaduais. São eles que causam aumentos”, afirmou Dirson.  

Para chegar ao valor de consumo final, de acordo com a Petrobras, as distribuidoras de combustíveis compram nas refinarias a gasolina tipo “A”, que deve ser misturada com Etanol Anidro – previsto na legislação brasileira para a gasolina vendida nos postos. Desta maneira, no preço que o consumidor paga está incluído o preço de realização da Petrobras, o custo do etanol (que é definido livremente pelos seus produtores) e os custos e as margens de comercialização das distribuidoras e dos postos revendedores, bem como todos os impostos devidos. 

Para se ter uma ideia mais clara de todos os componentes do preço da gasolina cobrado na bomba, é preciso esmiuçar os valores de cada etapa desse processo: 33,0% são realização da Petrobras, 11,7% são os impostos federais (CIDE, PIS/PASEP e Cofins), 27,4% são dos impostos estaduais (ICMS), 15,7% são de custos do Etanol Anidro e 12,2% fazem parte da distribuição e revenda nos postos. 

É importante destacar que toda a tributação dos combustíveis por estado, bem como os valores praticados na revenda são regulamentados por leis e normas brasileiras, principalmente a Lei 12.741/2012 que trata sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5º do artigo 150 da Constituição Federal; além de ter fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que ajuda promover a transparência da formação de preços de derivados de petróleo e biocombustíveis ao longo de toda a cadeia da produção ao consumidor final.

ICMS único em todo o Brasil

Diante de todos esses fatores que acabam por “engordar” os preços de combustíveis no País, o governo federal enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar (PLP) 16/21. A proposta pretende unificar, em todo o País, as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidentes sobre combustíveis. A lista inclui gasolina, diesel, biodiesel, etanol e gás natural e de cozinha, entre diversos outros derivados de petróleo. A proposta já foi debatida por várias comissões da Câmara dos Deputados e agora aguarda votação no Plenário da casa. 

Para a advogada tributarista, Renata Esteves, essa proposta pode beneficiar empresários e consumidores, uma vez que “o objetivo é o imposto incidir sobre o litro de combustível e não mais por percentual, que é a forma de cálculo atual. Dessa forma, o governo pretende fixar um valor único para todos os entes federados”, avaliou. 

Tributos que devem ser repassados na revenda de combustíveis: 

  • Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
  • Contribuição Social para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) – (PIS/Pasep);
  • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);
  • Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (Cide).

Como os combustíveis são produzidos

Os combustíveis são o produto final de uma longa cadeia produtiva, que depende de profissionais especializados e tecnologias modernas como, por exemplo, inteligência artificial, drones e submarinos não tripulados. A extração do petróleo, no Brasil, é realizada em águas profundas no oceano a até 7 mil metros de profundidade. 

No local onde o petróleo está, no fundo do mar, poços e equipamentos submarinos trazem até a superfície. Nas plataformas, plantas industriais operam 24h por dia para separar o petróleo e fazer o envio até o continente, superando distâncias que podem chegar a 300 quilômetros da costa brasileira.

Ao chegar às refinarias, o petróleo passa por diversos processos químicos e físicos. As moléculas pesadas são purificadas e quebradas em partes menores, dando origem a vários produtos, como gasolina, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo. Após todos esses processos, os combustíveis são vendidos para distribuidoras que, por sua vez, revendem aos postos de combustíveis.  (Fonte: Brasil 61)

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