Ford encerra produção de carros após 102 anos no Brasil e decreta fim de linha para Troller

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Marca americana decidiu apenas importar veículos para o Brasil e vai encerrar produção de carros em 2021. Ford manterá Centro de Desenvolvimento de Produto e o Campo de Provas

Fábrica da Ford em Camaçari (BA) em 2015 e linha de montagem do Modelo T em São Paulo, em 2019: fim de produção no Brasil

Uma verdadeira bomba na indústria automobilística brasileira nesta segunda (11): a Ford Motor Company anunciou o fechamento de todas as suas fábricas no Brasil, terminando uma história de 102 anos. A decisão vale para as plantas de São Paulo e Camaçari (Bahia), além da planta de Horizontina (Ceará), aonde é produzido o Troller T4. Com o anúncio, a marca passará a vender apenas modelos importados no Brasil e decreta o fim de linha da marca brasileira de utilitários 4×4. A montadora encerrará as vendas dos modelos EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques.

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Esse capítulo final da produção nacional da Ford ocorre menos de dois anos após medida semelhante com caminhões. Em 2019, a Ford anunciou o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP), aonde eram produzidos caminhões há 65 anos. Com o anúncio desta segunda-feira, serão fechadas a unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). A estimativa é que cerca de 5,5 mil empregos sejam perdidos.

Segundo a Ford, o mercado brasileiro será abastecido por picapes, SUVs e veículos comerciais leves produzidos na Argentina, Uruguai e México. A Ford também seguirá importando veículos de outros países, como é o caso do Ford Territory, fabricado na China. Do México virá o Ford Bronco Sport.

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A justificativa é a crise gerada pela pandemia que atinge o mundo desde o início de 2020. Segundo a Ford, a pandemia da covid-19 “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford.


História

A decisão tomada nesta segunda-feira põe fim a uma história que começou a mais de 100 anos no Brasil. A primeira linha de montagem funcionou no centro de São Paulo em 1919, inaugurando a indústria automotiva brasileira. O seu sucesso levou a marca, dois anos depois, a mudar para uma sede própria no bairro do Bom Retiro, também na capital paulista, onde foi instalada uma unidade de produção nos mesmos moldes da sede da empresa em Detroit, nos EUA.

O primeiro carro produzido foi o Modelo T, veículo que popularizou o meio de transporte, oferecendo um automóvel com proposta mais acessível de preço. O carro foi exibido logo no primeiro Salão do Automóvel de São Paulo, em 1920. Em 1925, o Modelo T atingiu 24.250 unidades vendidas no mercado brasileiro, um volume respeitável até mesmo para os padrões atuais.


LEIA O COMUNICADO OFICIAL NA ÍNTEGRA:

A Ford Motor Company anunciou hoje que atenderá os consumidores na América do Sul com um portfólio empolgante de veículos conectados, e cada vez mais eletrificados, incluindo SUVs, picapes e veículos comerciais, provenientes da Argentina, Uruguai e outros mercados, ao mesmo tempo em que a Ford Brasil encerra as operações de manufatura em 2021.

A Ford atenderá a região com seu portfólio global de produtos, incluindo alguns dos veículos mais conhecidos da marca como a nova picape Ranger produzida na Argentina, a nova Transit, o Bronco, o Mustang Mach 1, e planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados. A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.

“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”

A empresa irá trabalhar imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção.

“Nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais. “Além de reduzir custos em todos os aspectos do negócio, lançamos, na região, a Ranger Storm, o Territory e o Escape, e introduzimos serviços inovadores para nossos clientes. Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo.”

A Ford está constantemente avaliando seus negócios em todo o mundo, incluindo a América do Sul, fazendo escolhas e alocando capital de forma a avançar em seu plano de atingir uma margem corporativa EBIT de 8% e gerando um forte e sustentável fluxo de caixa. O plano da Ford prevê o desenvolvimento e a oferta de veículos conectados de alto valor agregado e qualidade – cada vez mais eletrificados –, com serviços acessíveis a uma gama mais ampla de consumidores.

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A empresa se move rapidamente, com o objetivo de:

  • Transformar seu negócio automotivo – competindo de maneira desafiadora, simplificando e modernizando todos os aspectos da empresa; e
  • Crescer alavancando os pontos fortes já existentes, desafiando o negócio automotivo convencional e realizando parcerias para expandir eficiência e conhecimento.

“Trabalharemos intensamente com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”, continuou Watters. “Quero enfatizar que estamos comprometidos com a região para o longo prazo e continuaremos a oferecer aos nossos clientes ampla assistência e cobertura de vendas, serviços e garantia. Isso se tornará evidente ao trazermos para o mercado uma linha empolgante e robusta de SUVs, picapes e veículos comerciais conectados e eletrificados, de dentro e fora da região.”

Watters acrescentou que, além da confirmação da produção da nova geração da Ranger, da chegada do Bronco, do Mustang Mach 1 e da Transit, a Ford também planeja anunciar outros modelos totalmente novos, incluindo um veículo híbrido plug-in. “Isso se alia à expansão de serviços conectados e de novas tecnologias autônomas e de eletrificação nos mercados da América do Sul.”

A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.

A Ford continuará facilitando alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis.

Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.

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